Emergência dos subalternos - Trabalho livre e ordem burguesa
Sandra Pesavento
Ao longo da segunda metade do
século XIX, uma questão esteve no
centro das preocupações da elite
brasileira: encontrar novas formas
de subordinação do trabalhador ao
capital frente à desagregação da or
dem escravocrata.
Processava-se no país a transição
capitalista, implicando, por um lado,
o assentamento das teses materiais
de um novo modo de produção e, por
outro lado, o estabelecimento de to
do um aparato político-administrativo
e também ideológico de legitimação
da nova ordem burguesa emergente.
Na conformação de um mercado
de trabalho livre, as elites se valeram
tanto de recursos instrumentais-le-
gais para o enquadramento do traba
lhador à nova ordem quanto difundi
ram conceitos e valores adequados à
também nova moral do trabalhador.
Dois abolicionistas, códigos de
posturas municipais, aparatos poli
ciais e judiciários remodelados e em
expansão foram instrumentos para a
normatização da vida para a discipli-
narização do trabalho e para o con
trole do acesso dos liberais ao mer
cado de trabalho em formação.
Às práticas de controle social
acrescentava-se a reelaboração
ideologizada do trabalho e da vaga
bundagem, pólos opostos de uma
mesma realidade capitalista em
construção. Tratava-se de construir
uma nova ética, que opunha o mundo
de trabalho, sede da sociedade civil
organizada, da ordem, da tranqüilida
de e do progresso ao mundo da ocio
sidade, do crime, do vício e da margi
nalidade que era preciso controlar e
punir
século XIX, uma questão esteve no
centro das preocupações da elite
brasileira: encontrar novas formas
de subordinação do trabalhador ao
capital frente à desagregação da or
dem escravocrata.
Processava-se no país a transição
capitalista, implicando, por um lado,
o assentamento das teses materiais
de um novo modo de produção e, por
outro lado, o estabelecimento de to
do um aparato político-administrativo
e também ideológico de legitimação
da nova ordem burguesa emergente.
Na conformação de um mercado
de trabalho livre, as elites se valeram
tanto de recursos instrumentais-le-
gais para o enquadramento do traba
lhador à nova ordem quanto difundi
ram conceitos e valores adequados à
também nova moral do trabalhador.
Dois abolicionistas, códigos de
posturas municipais, aparatos poli
ciais e judiciários remodelados e em
expansão foram instrumentos para a
normatização da vida para a discipli-
narização do trabalho e para o con
trole do acesso dos liberais ao mer
cado de trabalho em formação.
Às práticas de controle social
acrescentava-se a reelaboração
ideologizada do trabalho e da vaga
bundagem, pólos opostos de uma
mesma realidade capitalista em
construção. Tratava-se de construir
uma nova ética, que opunha o mundo
de trabalho, sede da sociedade civil
organizada, da ordem, da tranqüilida
de e do progresso ao mundo da ocio
sidade, do crime, do vício e da margi
nalidade que era preciso controlar e
punir
年:
1989
出版社:
Editora da Universidade/UFRGS
语言:
portuguese
页:
92
ISBN 10:
8570251831
ISBN 13:
9788570251831
文件:
PDF, 9.26 MB
IPFS:
,
portuguese, 1989